O medo é uma coisa boa ou ruim? Para muitos, o medo tem uma conotação de desafio, aventura e adrenalina que impulsiona o ser humano, portanto, um aspecto positivo. Há, também, os que encontram-se aprisionados por ele, impedidos de fazer algo, inibidos, limitados, ou seja, um aspecto negativo. Qual a medida certa de todo esse aparato de sentimentos? Qual a conclusão para essa equação aparentemente complexa? Qual a relação do medo com a segurança, principalmente, com a Segurança no Trabalho? No início de nossos tempos, quando o homem não era dotado da razão, o medo era o fator preponderante para sua sobrevivência.
O medo em excesso gera os fóbicos que não saem de casa e não se relacionam com ninguém. Já a falta de medo faz-se presente nos heróis (encontrados em cemitérios, hospitais e estatísticas do INSS), que são aqueles que dirigem embriagados, fazem sexo sem camisinha, ou seja, que não respeitam as normas básicas de segurança.
O que proponho é o medo saudável, termo criado por mim para caracterizar o medo que protege e preserva, presente na mãe que retira do alcance de seu filho todos os produtos químicos ou objetos pontiagudos; no pai de família que faz a revisão de seu automóvel regularmente e principalmente antes de uma viagem e no trabalhador do ambiente industrial que conhece e pratica as normas de segurança de sua empresa e usa corretamente seus EPIs.
Rotina
Medo, prevenção e segurança. Pode parecer estranho, mas são amigos inseparáveis, mesmo que muitos, por questões pessoais ou culturais, esqueçam, se não o mais importante e o mais original. Em um ambiente industrial, podemos identificar alguns fatores que exemplificam como a falta ou a atenuação do medo pode ser a causa de acidentes no trabalho: o tempo de relacionamento/exposição do empregado com a atividade/equipamento e situação de risco, o que favorece o surgimento de um sentimento de cumplicidade entre ambos. Atividades antes desaconselhadas, com o tempo, passam a fazer parte da rotina de trabalho. O medo (a precaução) é esquecido ou atenuado fazendo surgir os atos inseguros.
Fonte: Revista Proteção - 18/3/2008