Ilustração: Beto Soaes / Estúdio Boom
No atual mundo do trabalho, as relações profissionais têm se modificado substancialmente, abarcando, nesta metamorfose, as técnicas de administração da produção. O reordenamento na relação capital versus trabalho foi o principal motor deste lento processo de mudanças que, posteriormente, veio a se radicalizar. Tal processo de reestruturação produtiva não poderia deixar incólumes a organização gerencial das empresas e a identidade profissional de seus colaboradores. Seria ingênuo supor o contrário.
Com este intuito ocultaram-se inadequações no que concerne às atividades objetivas e às experiências subjetivas, uma vez que as tradicionais abordagens no tratamento dos conflitos entre individualidade e produção não eram mais eficientes. Isto porque as possibilidades outorgadas pelo capital ao trabalho formal inexoravelmente tangenciavam, e ainda tangenciam, a capacidade de o indivíduo se deixar cooptar, em tempo integral, pela ideologia hegemônica que o modo de regulação social produz.
Adotando um procedimento quase generalizado, as organizações selecionam os trabalhadores mais agressivos e adaptados para concorrer entre si. Ou seja, pessoas predispostas a aceitar (por necessidade ou narcisismo) a insegurança advinda da flexibilização do trabalho, uma verdadeira apoteose neoliberal. Parece que, frequentemente, há uma relação complexa e singular entre mudanças nos sistemas organizacionais e vida psíquica.
Procuraremos demonstrar as metamorfoses ocorridas no paradigma industrial dos países de capitalismo central. Posteriormente, teceremos algumas considerações sobre as consequências desse processo para o mundo do trabalho e, finalmente, tentaremos refletir sobre o papel daqueles profissionais que atuam na área de Saúde e Segurança do Trabalho.
Autor: Roberto Heloani
Fonte: Revista Proteção
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