
"Fiquei sabendo por terceiros da gravidade do fato", disse à ISTOÉ o prefeito de Angra dos Reis, Tuca Jordão (PMDB). Autoridades, especialistas e ativistas pedem maior transparência da Eletronuclear, a empresa responsável pelo empreendimento.
"Não foi um acidente grave", confirma o físico Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe (Programa de Pós-Graduação em Engenharia da UFRJ). "O problema maior foi a demora na divulgação e a forma sumária como foi descrito." Ao prefeito de Angra, o curtíssimo comunicado da Eletronuclear informava sobre um Evento Não Usual (ENU) em Angra 2, "em função de alarme no detector de radiações da chaminé". Não havia nenhuma menção à contaminação de pessoas. "Só soube disso depois, por outras fontes", diz Jordão. O mais extraordinário é a forma mambembe como a informação completa veio à tona: "Um ator que tem casa aqui (em Angra) soube que um dos vizinhos tinha sido contaminado e nos avisou", conta Maria José Castro, coordenadora da ONG Sociedade Angrense de Proteção Ecológica, sem revelar o nome do informante. Imediatamente, a entidade comprovou a gravidade.
O Greenpeace também criticou a conduta adotada para notificar o acidente. "Tudo o que é ligado à energia nuclear parece permanecer envolto em segredo", disse Marcelo Furtado, um dos diretores da ONG internacional. Por fim, o episódio pode atrapalhar o cronograma de Angra 3. A Prefeitura de Angra ainda precisa dar a licença para o início da construção da usina 3 e o prefeito Tuca Jordão avisa que não deve abrir mão de uma alta contrapartida ambiental. "Peço algo em torno de R$ 340 milhões e eles oferecem R$ 60 milhões em seis anos", diz. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) já deu a licença de instalação, mas listou 44 exigências ligadas à segurança e outros cuidados. Se a Eletronuclear superar todos os obstáculos, Angra 3 entrará em operação em 2014. De preferência, com funcionários bem treinados.
Fonte: Istoé - 30/5/2009
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